Vinificação Antiga Georgiana

Descubra a antiga arte da vinificação georgiana e sua importância cultural
Imagem de capa © Maksym Kulykov

A arte da vinificação na Geórgia é uma viagem no tempo, que abrange mais de 8000 anos. Este artigo mergulha na antiga tradição da vinificação georgiana, explorando suas raízes históricas, práticas tradicionais e o método único do qvevri, que se tornou um símbolo deste rico patrimônio cultural. Essencial para viajantes e entusiastas do vinho, este texto oferece uma visão aprofundada de uma tradição que entrelaça a história, a cultura e a inovação da vinificação na Geórgia.

8000 Anos de Patrimônio da Vinificação

A vinificação georgiana é um testemunho de uma tradição duradoura que remonta a mais de 8.000 anos, como evidenciado por descobertas arqueológicas. A descoberta de qvevri, grandes recipientes de barro em forma de ovo, em assentamentos neolíticos no leste da Geórgia, datando de 6000 a.C., marca o início desta jornada histórica. Esses recipientes, centrais na vinificação georgiana, destacam uma continuidade de tradição que é rara e notável.

O Qvevri: Coração da Vinificação Georgiana

Um qvevri, também conhecido como churi no oeste da Geórgia, é uma característica emblemática da cultura do vinho georgiano. Esses grandes recipientes de barro em forma de ovo têm um fundo estreito e uma boca larga, com os primeiros qvevri acreditando-se que foram armazenados acima do solo. No entanto, há milênios, os vinicultores georgianos enterram seus qvevri, com apenas a borda visível acima do solo. Essa prática deriva da palavra georgiana "kveuri", que significa "algo cavado profundamente no chão."

Distintos das ânforas de barro usadas em outros lugares, os qvevri são utilizados para fermentação, maturação e armazenamento de vinho, representando uma das tecnologias de vinificação mais antigas. Os qvevri modernos variam de 100 litros a 3.500 litros, com os maiores podendo acomodar uma pessoa para fins de limpeza.

Em 2013, a UNESCO reconheceu a importância da vinificação em qvevri, adicionando-a ao seu catálogo do patrimônio cultural imaterial da humanidade. Além disso, em 2021, os qvevri receberam o status de Indicação Geográfica Protegida (IGP), estabelecendo legalmente a Geórgia como seu local de origem.

Artesanato e Tradição

A fabricação de qvevri é uma habilidade transmitida através de gerações, com muitos qvevri em uso hoje tendo uma história que abrange décadas ou até séculos. A produção desses vasos continua a ser um ofício tradicional, com algumas empresas familiares em Kakheti, Imereti e Guria especializadas em sua fabricação. A demanda por qvevri permanece alta, tanto dentro quanto fora da Geórgia, especialmente entre produtores de vinho orgânico e biodinâmico.

O processo de fabricação de qvevri é um ofício intricado e demorado que envolve a extração de argila local, limpeza, moagem, moldagem, construção e queima em fornos a temperaturas variando de 1.000°C a 1.300°C. O processo leva semanas para ser concluído, demonstrando a dedicação e habilidade envolvidas neste ofício antigo.

O Marani: Um Santuário do Vinho

Na Geórgia, o marani, ou adega, é onde a magia da vinificação acontece. Este espaço pode variar em forma - desde um edifício independente até uma caverna esculpida em um penhasco. Dentro do marani, os qvevri são "plantados" no chão, com suas bordas acima do nível do solo. Essas adegas frequentemente abrigam qvevri de vários tamanhos, permitindo que os vinicultores experimentem diferentes uvas e técnicas de fermentação.

O Processo Tradicional de Vinificação

A vinificação georgiana em qvevri segue um processo que permaneceu em grande parte inalterado por milhares de anos. Isso inclui a limpeza do qvevri, a prensagem das uvas usando prensas tradicionais e a fermentação natural com leveduras indígenas. O processo reflete um compromisso com a vinificação natural, com mínima intervenção e uma dependência do ambiente natural para o controle de temperatura.

Experimentação Contemporânea

Embora os vinicultores georgianos respeitem profundamente suas tradições, também existe um espírito de experimentação e inovação. Isso inclui a exploração de diferentes variedades de uvas, técnicas de vinificação e até mesmo a integração de equipamentos modernos ao lado de métodos tradicionais. Essa experimentação é um testemunho da natureza dinâmica da vinificação georgiana, onde tradição e inovação coexistem harmoniosamente.

Ferramentas e Acessórios para Vinificação

A marani georgiano abriga uma variedade de ferramentas e acessórios tradicionais, incluindo avgardani, chapi, khapiri e outros, cada um com um propósito específico no processo de vinificação. Essas ferramentas, frequentemente feitas de cobre e madeira, não apenas servem a propósitos práticos, mas também representam a rica herança cultural da vinificação georgiana.

História e Cultura do Vinho Georgiano Antigo

A reivindicação da Geórgia de ser o berço do vinho é respaldada por descobertas arqueológicas em Gadachrili Gora e Shulaveris Gora. Aqui, foram descobertos jarros de barro datados de cerca de 5980 a.C., contendo compostos residuais de vinho e adornados com motivos de cachos de uva. Essas descobertas, localizadas perto de Tbilisi, significam que o vinho mais antigo conhecido do mundo se originou deste pequeno país, rico em história.

Vasos da Tradição: A Diversidade dos Recipientes de Vinho Georgianos

A rica tradição de cerâmica da Geórgia deu origem a uma variedade de recipientes para vinho, cada um com seu tamanho, forma e design únicos. O kvevri, o mais conhecido deles, varia significativamente em tamanho, com capacidades que vão de 20 litros a impressionantes 10.000 litros. Além dos kvevris, a vinificação georgiana também utiliza vários recipientes para beber, como Chinchila, Deda-khelada e Dzhami, cada um distinto em sua forma e uso.

Vinho na Arte Georgiana

A profunda influência do vinho na cultura georgiana se estende ao reino da arte. Ao longo dos milênios, a arte georgiana apresentou de forma proeminente motivos de cachos de uvas, videiras e folhas, particularmente em artefatos de ouro, prata e bronze dos milênios III e II a.C. Esses artefatos, que mostram a interação entre a vinificação e a arte, podem ser vistos no Museu Estadual da Geórgia, incluindo uma taça de ouro do 2º milênio a.C. e um camafeu de Dionísio datado da antiguidade clássica.

Vinho e Cristianismo Georgiano

Com a chegada do cristianismo no século IV d.C., o vinho ganhou uma nova dimensão na cultura georgiana. Tornou-se parte integrante das práticas religiosas, especialmente na Santa Comunhão. A história de Santa Nino, que carregou uma cruz feita de madeira de videira e desempenhou um papel fundamental na cristianização da Geórgia, reforça ainda mais a ligação entre o vinho e a vida espiritual georgiana.

O Tamada do Século VII

Uma descoberta notável na arqueologia georgiana é a estátua de bronze do tamada do século VII, um mestre de cerimônias tradicional georgiano. Este artefato, descoberto em Vani, no oeste da Geórgia, destaca a importância social e cerimonial do vinho na cultura georgiana. O papel do tamada em moderar festas e celebrações, enquanto mantém um equilíbrio entre diversão e responsabilidade, é um aspecto único da vida social georgiana.

O Legado da Vinificação Georgiana

A vinificação georgiana, com sua rica história e tradições, se destaca como um fenômeno cultural único. O qvevri, um símbolo desse legado, continua a ser uma parte vital da vinificação georgiana, refletindo uma tradição ininterrupta que abrange milênios. A intrincada habilidade na fabricação de qvevris, a diversidade de recipientes tradicionais e a integração da vinificação em várias facetas da cultura, arte e religião georgianas falam volumes sobre as profundas raízes e a importância do vinho na sociedade georgiana.

Conclusão

Esta exploração da antiga vinificação georgiana revela uma fascinante mistura de história, cultura e tradição. Desde as descobertas arqueológicas que remontam a vinificação a 6000 a.C., até o símbolo duradouro do qvevri, e os laços artísticos e religiosos do vinho, a vinificação georgiana é um testemunho de uma civilização que reverenciou e aperfeiçoou a arte do vinho por milhares de anos. Como um destino para viajantes e entusiastas do vinho, a Geórgia oferece uma experiência única e enriquecedora, profundamente enraizada em sua antiga tradição de vinificação.

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