Empoleirada em uma montanha acidentada a uma altitude de 1.880 metros (6.168 pés), Mutso é um exemplo impressionante do patrimônio remoto e misterioso da Geórgia. Localizada na histórica província de Khevsureti, agora parte da região de Mtskheta-Mtianeti, esta antiga vila vigia o Vale do Rio Ardoti. Durante séculos, serviu como um reduto, seu agrupamento de aproximadamente 30 casas de pedra medievais, quatro torres de combate e numerosas ruínas dominando a paisagem.
Embora a vila tenha sido abandonada há mais de um século, sua arquitetura original permanece em grande parte intacta. As estruturas de pedra de Mutso são engenhosamente construídas na encosta íngreme da montanha, misturando-se ao terreno rochoso como se fossem extensões naturais da terra. Esses edifícios, feitos principalmente de ardósia, estão compactamente agrupados e formam uma parede defensiva, criando uma atmosfera semelhante a uma fortaleza que outrora protegia os habitantes de invasores do norte.
Chegar a Mutso não é para os fracos de coração. Os estreitos caminhos montanhosos que levam a esta vila isolada são desafiadores, mas a recompensa é uma vista panorâmica deslumbrante do Desfiladeiro Mutso-Ardoti, das colinas ondulantes de Khevsureti e a sensação de voltar no tempo. Aventureiros, caminhantes e entusiastas da etnografia acham este destino particularmente encantador.
O Projeto de Reabilitação de Mutso, lançado em 2004, trouxe nova vida à área. Após anos de restauração meticulosa, o projeto recebeu o prestigioso Prêmio Europa Nostra em 2019, um testemunho de sua importância na preservação do patrimônio cultural. Os esforços de reconstrução garantiram que os visitantes de hoje possam explorar este lugar fascinante com suas torres de combate, casas fortificadas e santuários intactos. Um dos locais mais notáveis é o santuário de São Jorge de Broliskalo, um local reverenciado onde lendas e tradições locais ainda ecoam pelos vales.
Mutso também está imersa em mitos. Segundo a tradição local, os moradores adoravam um ícone antigo do Arcanjo, considerando-se parte de um exército sagrado que guardava um tesouro lendário escondido em algum lugar nas montanhas circundantes. O tesouro, segundo a lenda, permanece não descoberto, esperando pelo “escolhido” para reivindicá-lo.
Visitar Mutso é melhor entre o final de maio e meados de outubro, quando o clima é mais ameno e os caminhos são mais seguros. Assim que a primeira neve cai, a jornada se torna traiçoeira. Não há acomodações em Mutso, então os viajantes costumam ficar nas proximidades de Shatili ou Ardoti, onde as pousadas oferecem um descanso confortável. A vila de Mutso também oferece locais pitorescos para acampar, perfeitos para aqueles que preferem dormir sob as estrelas.
Embora pequena em tamanho, Mutso deixa uma impressão profunda em quem se aventura aqui. Ela se ergue como um monumento à resiliência de seu povo, um lugar onde histórias de séculos passados estão gravadas em cada pedra e torre.