Os desafios diplomáticos nas relações georgiano-russas estão profundamente enraizados na história e evoluíram através de várias fases, cada uma marcada por eventos significativos e mudanças nas dinâmicas políticas.
Contexto histórico inicial
A complexidade das relações georgiano-russas pode ser rastreada nas lutas geopolíticas do século XV, quando o Reino Cristão da Geórgia se fragmentou e foi disputado pela Turquia Otomana e pela Pérsia Safávida. A Paz de Amasya em 1555 formalizou essa divisão, alocando diferentes regiões georgianas aos otomanos e persas. Foi durante esse período que a Rússia, compartilhando a religião ortodoxa da Geórgia, começou a emergir como um ator chave. O Reino de Kakheti iniciou contatos diplomáticos com Moscovo em 1558. No entanto, os esforços iniciais da Rússia para influenciar a região foram limitados pela sua distância e pelas dinâmicas de poder existentes.
No século XVIII, a Geórgia voltou-se para a Rússia em busca de proteção contra as incursões otomanas e persas. Heráclio II, Rei de Kartli-Kakheti, buscou apoio russo, levando ao Tratado de Georgievsk em 1783, que colocou a Geórgia sob proteção russa. Apesar deste tratado, a Rússia falhou em fornecer assistência imediata quando a Pérsia invadiu em 1795, levando à eventual anexação da Geórgia pela Rússia em 1801, um movimento que encontrou resistência e foi visto como uma violação do Tratado de Georgievsk.
Era Soviética e Pós-Independência
Após passar mais de um século como parte do Império Russo, a Geórgia recuperou sua independência em 1918. No entanto, essa independência foi de curta duração, pois a Rússia bolchevique ocupou a Geórgia em 1921, levando à sua incorporação à União Soviética em 1922. As relações entre a Rússia e a Geórgia no período pós-soviético têm sido caracterizadas por tensões, particularmente em relação ao apoio da Rússia a regiões separatistas dentro da Geórgia e às políticas energéticas independentes da Geórgia e suas aspirações de ingressar na OTAN.
A guerra russo-georgiana de 2008
A Guerra Russo-Georgiana de 2008 marcou uma deterioração significativa nas relações. O conflito surgiu de uma crise diplomática entre a Rússia e a Geórgia, ambas ex-repúblicas constituintes da União Soviética. A guerra ocorreu na região estrategicamente importante do Cáucaso do Sul e é considerada a primeira guerra europeia do século XXI. O conflito começou com forças sul-ossetianas apoiadas pela Rússia bombardeando vilarejos georgianos, levando a uma resposta dos pacificadores georgianos. A situação escalou quando unidades militares georgianas foram enviadas para a Ossétia do Sul, resultando na entrada de tropas russas no território georgiano. Este conflito levou a uma condenação internacional e a um relacionamento diplomático tenso entre a Geórgia e a Rússia.
Desenvolvimentos recentes
Em 2012, a coalizão Sonho Georgiano assumiu o poder na Geórgia, marcando um reinício nas relações georgiano-russas. Este novo governo tinha como objetivo corrigir os erros da administração anterior, focando em uma política de normalização com a Rússia devido à contínua ameaça de guerra. No entanto, essa política teve que ser equilibrada em relação à postura agressiva da Rússia e às chamadas linhas vermelhas. O Ocidente apoiou essa política de normalização, mas a Geórgia manteve uma abordagem cautelosa devido às políticas da Rússia na região.
Em resumo, os desafios diplomáticos entre a Geórgia e a Rússia são caracterizados por complexidades históricas, disputas territoriais e aspirações políticas divergentes. Essas relações passaram por períodos de aliança, conflito e engajamentos diplomáticos cautelosos, influenciados tanto por dinâmicas internas quanto por pressões geopolíticas externas.